Meus caros, colo aqui texto do fantástico Promotor de Justiça e Escritor gaúcho, Dr. João Marcos Adede y Castro. Visitem o excelente blog dele http://adedeycastro.com
João Marcos Adede y Castro
A realidade dos fatos pode nos indicar a motivação deles, mesmo quando nos sentimos desconfortáveis com isto. Esconder a realidade dos fatos não muda a sua motivação.Onde estão os bacharéis em direito formado em nossas faculdades que não conseguem ser aprovados no exame da OAB?Ganha um doce quem responder primeiro.
Todo mundo já sabe que eles estão nos escritórios de advocacia de outros que conseguiram passar ou que tiveram a sorte de se formar antes da volta da exigência do exame da Ordem, trabalhando por um salário de fome ou ganhando menos que um estagiário de primeiro semestre.
Com todo o respeito aos meus amigos advogados (ou aqueles que eram meus amigos até lerem este texto), é evidente que nenhum deles, salvo raríssimas exceções, quer o fim do exame da Ordem, pois é um interessante instrumento de barreira para a profissão, já tão prejudicada pela proliferação de serviços de assistência judiciária gratuita, o que afasta clientela dos escritórios particulares.
Com o advento da Constituição de 1988 e a criação da Defensoria Pública, a publicação da Lei Federal número 9.099 (que criou a Justiça Especial Cível e Criminal), o mercado de trabalho, que já era restrito, praticamente se fechou.
E aí, para resolver um problema de mercado, a Ordem ressuscita um exame que só serve para ela e seus filiados que, na maioria, nunca se submeteu ao exame. E deita falação contra os cursos de direito em que eles mesmos lecionam e dirigem, que apresentam aos alunos e pais como excelentes, até é claro, o fim do curso.
Se o curso é ruim, culpa dos advogados-professores (ou promotores, juízes e delegados-professores), os mesmos que mantém ou lecionam em cursos de preparação para o exame da Ordem e que arrecadam milhões de reais com os alunos que ontem (na faculdade) eram nota dez e que hoje não sabem nada.
A OAB fala mal dos cursos o tempo todo e os cursos não falam nada. Duas conclusões podem ser tiradas: ou é verdade e eles têm de melhorar, ou é mentira e eles têm de sair em defesa de suas prerrogativas de dizer quem tem condições e quem não tem, papel que, evidentemente, não é da OAB.
Enquanto os bacharéis sem OAB estiverem trabalhando quase de graça nos escritórios de quem tem OAB, garante-se um serviço quase escravo, o que é criminoso.
Mas isto não interessa a OAB.
Prove que eu estou errado e faça uma devassa nos escravagistas.
Ou isto ou estarei autorizado a achar que tudo não passa de uma hipocrisia absoluta, aceita alegremente pela sociedade desavisada.(SM, 29.08.11)
Um comentário:
Obrigado pela divulgação. Tem tido boa repercussão, graças aos amigos.
João Marcos
Postar um comentário